sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Gravidez+Cão o que fazer?

Cão e primeira gravidez



O que fazer com o cão quando a dona fica grávida pela primeira vez?

A situação é, geralmente, estressante para a futura mãe.Mas, na realidade, pode ser o prenúncio de muita diversão e felicidade para toda a família.Basta administrá-la com lógica, sem preconceitos, e adotar atitudes baseadas não no ponto de vista humano, mas sim no ponto de vista do cão.

Ficar com o cão

Ao se tornar grávida, não ceda às primeiras sugestões de doar seu cão.Muito menos o isole.Dirão que o cachorro e bebê não dão certo, que é perigoso, que o cão transmite doenças.Quanta falta de informação!Quem chega da rua e não lava as mãos e o rosto é um vetor (condutor) de infecções e moléstias pior que qualquer animal doméstico.

Nos períodos pré-natal, neonatal e pós-natal, que são distintos para o cão, não mude a rotina dele.Não o relegue a um segundo plano (lembre-se: ele era o "bebê" da casa quando chegou - era ou não era?).

Faça a chegada do novo membro da família e a presença dele serem vantajosas para o cão e do interesse dele.Para tanto, é importante sempre "raciocinar" como cão.Ele é sensível, seja filhote, seja adulto ou velhinho.Dependendo da idade dele, aja de forma ligeiramente diferente.Permito-me construir um "teatrinho", que chamarei de "Os três monólogos dos cães".Um filhote "diria", entre pulinhos (principalmente nas pernas da dona): "Oba! Vou ter companhia pra brincar.Isso aí é coisa boa!Vim dar uma cheiradinha na roupa dele e já ganhei um biscoito extra".O adulto "diria": Bem...Temos movimento acho que até uns latidinhos e mordidinhas..Mas, não acho que meus donos me conhecem bem...Ninguém vai se meter muito comigo".

Quando conseguimos entender essas atitudes, entendemos o cão dentro das "regras" dele.Um pouco como os humanos: "Se me tratarem bem, tudo ok..."Regra de jogo do behaviorismo mais simples.

Preparativos

É muito importante que o cão seja levado para uma verificação do estado geral de saúde deles.As poucas afecções que seriam transmissíveis são facilmente percebidas pelo veterinário e tratáveis, deixando o cão em perfeitas condições de convívio com os da casa e, em especial, com o bebê, cuja imunidade neonatal é incipiente.

Quanto à obediência, a quem o cão "ouve"melhor? Se não for à um dos donos, um adestrador que conheça condicionamento operante e que saiba usar o "clicker" poderá ajudar o cão reconhecer quem são os "alfas" da casa.

Não se iluda.Seu cachorro sabe muito bem, intuitivamente, que tem gente nova chegando.Ele deve ser familiarizado com os novos sons, odores e visões que terá com a vinda do bebê, nas semanas que antecedem a chegada.Isso inclui tudo que estará associado ao mais novo integrante da família: mobiliário, ambientes, roupas, loções e cremes.

O espaço "quarto do bebê" deve ser aberto ao cão, com supervisão e regras relativas a quando ele pode entrar.Não é aconselhável que o quarto se torne uma área proibida.Aos que alegarem alergias, diga que estudos internacionais já mostraram que, quanto mais cedo for o contato da criança com animais, menor a probabilidade de ela desenvolver problemas respiratórios.A menos que o bebe nasça alérgico e seja diagnosticado como tal.

É bom fingir trocar fraldas numa boneca na presença do seu cão, para ele se acostumar.Isso é importante.Dependendo do apego que o cão vier a desenvolver com o bebê, vai "defendê-lo" de qualquer "perigo", pois a natureza ensinou a ele que o bebê "filhote"humano é parte mais fraca do conjunto.

Induza seu cão a cheirar as futuras roupinhas do bebê.Se ele não se encostar nelas, prêmio para ele e palavras de carinho e aprovação.

Leve o cão a casas que tenham bebês, para que sinta o cheiro de crianças, aquele odor especial de bebê.Ele também se familiarizará com diferentes choros - de fome, de dor de barriga, de sono e até, simplesmente, de manha.

Peça roupinhas dos filhos dos seus amigos antes de serem lavadas, para o cão cheirar.Isso inclui a roupinha de cama.O suor do bebê recém-nascido tem odor característico.Lembre-se que os cães são farejadores naturais e que, quando procuram identificar algo pelo cheiro, são capazes de distinguir centenas de nuances, enquanto os humanos detectariam umas quatro ou cinco.

Faça também o seu bebê, enquanto estiver ainda sendo gestado ouvir latidos do cão.Quando ele latir como normamelmente faz, fique perto dele.Se os latidos forem exagerados, fora dos padrões usuais, diga-lhe um "não" firme, mas sem gritar, para não assustar o bebê.

Sempre que tiver um tempinho, chame o cão, sente no sofá, acaricie-o e induza-o a cheirar sua barriga.Os ouvidos extremamente sensíveis dele vão perceber que, dentro de você, algo está vivo.

Faça um grande esforço para não mudar a rotina do cão.Se agora não dá para continuar a levar o cachorro para passear, consiga outra pessoa para levá-lo, mas não deixe que ele pare de andar.Peça a amigos que venham visitá-lo, para que ele se sinta, ainda, o centro de atenção.Não se esqueça de acariciar o cão sempre que possível.Reafirme que você gosta dele.

Com o bebê

Um destaque especial: as fraldas sujas! Fihotes e cães adultos consideram as fezes de recém-nascido o caviar canino.Se encontraream "caviar""disponível", eles o comem.A isso se chama copofragia, que pode se tornar crônica.Seu cão não deve chegar muito perto das fraldas, mas deve saber o que é feito com elas.Guarde-as em recipiente de lixo à prova de cão "investigativo", principalment se o cão for filhote.Um bebê com diarréia provocada por salmonela, por exemplo (um dos poucos males vindos de humanos que podem afetar os cães), ainda que pouco provável, pode contaminar o cão, seja filhote ou adulto.

Não esconda o bebê do cão.Controle o contato entre eles.Nunca deixe uma criança sozinha com o mais manso dos cães, até ela ter pelo menos oito anos.O cão é irracional.Não tem noção de ética, não sabe diferenciar o bem do mal, e sim o perigoso do seguro.Não ser racional não significa não ter "sentimentos".Ele é leal.Ama você e sua família (a "matilha" dele) incondicionalmente.Pode ser capaz dos maiores atos de verdadeiro heroísmo, praticados na defesa de seus donos.Mas, em determinadas circunstâncias, geralmente por medo, por dor ou por sentir-se acuado, o cão morde o próprio dono ou quem quer que esteja representando perigo ou dor.Se o cão não for educado e se tiver tendência possessiva, pode atacar quem se aproximar da comida dele, por exemplo.Há exercícios próprios para educá-lo nesse particular.Preste bem atenção nisso, pois quando menos você esperar, seu filho estará comendo a ração do cão e esse último, o biscoito do intrépido infante.É possível educar um cão para ser a prova de crianças e criança para ser a prova de cães.

Fonte: Sérgio P.Mendes
Matéria retirada da revista Cães e Cia, julho/2009 - pág.60 e 61

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