sábado, 17 de julho de 2010

Castrar é mais do que recomendado


Castrar é pilar fundamental da posse responsável – parte 2

Veja os benefícios que a castração oferece para a saúde do animal

Por Helena Jacob

São Paulo possui hoje, perambulando pelas ruas, milhares de cães e gatos abandonados. A rotina é comum a grandes cidades, mas na quarta maior metrópole do mundo, o tratamento dispensado aos animais de rua ainda deixa a desejar.

Cidades como Nova Iorque, por exemplo, contam com grandes centros de proteçãoanimal, como a ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals), que conscientizam a população sobre posse responsável e punem rigidamente crimes como o abandono de filhotes, tão comum por aqui.

Daí que para mudar esse quadro é fundamental um trabalho de conscientização sobre a reprodução animal e a importância da castração. Castrar, já diz um ditado comum no mundo da proteção animal, é um ato de amor.

Em relação aos gatos e cachorros, um dos melhores métodos para controlar a população é a castração antes dos seis meses de idade. Afinal, como vimos anteriormente, a maturidade sexual desses animais é das mais precoces. Castrar depois dos três meses, quando o gatinho já possuí defesas naturais para encarar uma cirurgia é mais do que recomendado.

Segundo a médica veterinária Paula Zopello, que é a responsável por todas as cirurgias dos gatinhos do Adote um Gatinho, é melhor castrar gatos quando eles ainda são filhotes. “Nessa idade, vários fatores facilitam a cirurgia: primeiro porque a recuperação dos filhotes é acelerada. Como os gatinhos ainda estão em desenvolvimento, a produção de células é mais rápida e conseqüentemente a cicatrização também”.

Paula afirma ainda que foi comprovado por várias pesquisas científicas em todo o mundo que a castração não interfere no crescimento e no desenvolvimento do gato. “Eles não precisam de hormônios sexuais para crescer; e castrar cedo ajuda a impedir o aparecimento de câncer de mama e de útero em fêmeas”, diz a veterinária.

Outro fato que estimula a prática da castração em filhotes é que se o animal não tiver contato com hormônios sexuais, ele não terá um comportamento ligado ao sexo. Assim os machos nunca apresentarão o desagradável hábito de marcar território, ou seja, urinar em qualquer lugar. “Acontece de machos castrados depois de adultos marcarem território, e mesmo depois de castrados continuarem marcando. Por isso é bom castrar cedo”, conta Paula.

As novas técnicas utilizadas nas cirurgias de castração também asseguram a segurança da cirurgia. Hoje, a técnica mais utilizada é a do “gancho”. Ao contrário da antiga, em que era feito um grande corte na barriga das fêmeas para retirada de útero e ovários, nessa nova técnica os órgãos são retirados através de um pequeníssimo corte e puxados com um tipo de “ganchinho”.

“Assim não colocamos a mão dentro do abdomem do animal, diminuindo o risco de contaminação e tornando a recuperação mais rápida”, conta Paula. Nos machos a cirurgia é ainda mais simples, pois são retirados apenas os testículos, que já estão localizados externamente.

Reproduzir: para que?

Um mito preocupante cerca a castração de animais. “Por que vou castrar meu bicho se eu não gostaria de ser castrado?”. Ou, ainda: “Isso é uma mutilação, vai contra as leis da natureza”. É importante lembrar novamente que não existe prazer sexual na cópula dos animais.

"Se o animal não vai cruzar, não justifica o corpo dele ser preparado toda hora para a reprodução. Os gatos não têm prazer na cópula”, afirma a veterinária Angélica Lang Klausnerr, veterinária oficial do Adote um Gatinho e que assina a coluna “Vet responde”. E completa: “A fêmea do gato entra no cio e somente na ovulação ela permite a cópula. Não há prazer. Se fosse por prazer, porque esperar o cio?”, questiona.

Além de pensar no seu próprio animal, é muito importante associar o ato da castração ao problema do abandono. Todos os anos milhares de gatos e cachorros são sacrificados no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e muitos deles são apenas filhotes e saudáveis.

Programas de controle da população animal são fundamentais para uma sociedade justa e que respeita os animais. Só para efeito de comparação, segundo o site do CPNA (Centro de Planejamento de Natalidade Animal), programas de esterilização em massa têm garantido resultados excelentes desde a década de 1970, quando começaram a ser aplicados nos EUA. Outros países como Dinamarca, Índia, Rússia, México e Nova Zelândia também vêm tendo bons resultados com a prática. As estatísticas são animadoras:

● Em São Francisco, Califórnia, as eutanásias de animais sadios estão suspensas desde 1999.
● Em Houston e Dallas, Texas, a proporção de animais sacrificados nos abrigos estaduais (equivalentes aos nossos CCZs) caiu em 30% desde que foram implantadas as primeiras clínicas de esterilização gratuitas e a baixo custo.
● No estado do Alaska, a redução do sacrifício de animais foi de 70%, graças ao trabalho empreendido pelas clínicas móveis de esterilização.
● No Estado do Colorado, o ingresso de animais nos abrigos estaduais caiu em 40% com a política de "esterilizar e devolver" ao invés de "capturar e matar".
● A cidade de Philadelphia reduziu a entrada de animais em abrigos estaduais em 70%.

Castrar seu bichinho de estimação é bom para você, para ele e para o mundo. Não siga mitos ou lendas antigas e lembre-se de que você é o ser pensante, responsável por aquele ser. Se depois de ler tudo isso, você ainda duvida, faça uma visita ao CCZ de sua cidade e constate a triste realidade do abandono.


Saiba onde castrar seu animal de estimação: www.adoteumgatinho.com.br/castracao.htm


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